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Still hurts...

 Faz hoje um ano, apesar de sentir que foi ontem que sentimos esse aperto incrível no peito, essa dor que para ti foi fatal e para mim perdura em saudades... 

Sinto que, por muito tempo que passe, parece que foi ontem, ontem que corri para ti, que voei para tentar fazer algo, mudar algo, que desesperadamente massajei o teu peito na esperança que algo mudasse, que soprei ar para tua boca numa tentativa ingénua que de alguma forma, pudesse sair vida de mim por ti, para ti... na esperança que aquele momento não fosse a última vez, que não fosse o teu fim.

Nessa manhã a chorar quando finalmente me afastei do teu corpo inanimado não conseguia que um pensamento me saísse do cérebro, que porque muito que eu quisesse a minha própria família, eu não queria que fosse uma troca, não queria que fosse vida por uma vida... Não é possível ter tudo? Porquê que não é possível tu ficares até aos teus 115 anos e veres os teus bisnetos?...

Mas o que eu não sabia à um ano atrás, é que não foi, eu continuo a ver-te, e vejo te ainda em tanto, nos teus lugares favoritos, nas músicas horríveis que adoravas assobiar. Vejo te nas minhas decisões, minha forma de estar ou de ver o mundo com esse optimismo e bondade tão teu... ou simplesmente em coisas que faço sem pensar e quando dou por mim a fazê-las percebo que as faço sem outra razão a não ser porque tu as fazias...

Sinto falta de dar abraços, a toda a gente mas principalmente sinto falta dos teus, de sentir as tuas mãos ásperas de tantos sacrifícios por nós, sinto falta do teu sorriso, que, era sempre um misto de felicidade por ter sido abraçado e embaraçado porque nunca sabias muito bem o que fazer.


Continuas e vais continuar a ser o meu super homem, o meu herói de todas as histórias importantes da minha infância... da minha vida. Apesar do arrependimento por não te ter dito que o eras, espero, onde quer que estejas, que estejas a sentir.


Tenho saudades pai...


P.S. Também herdei o facto de ser um vidrinho como tu...

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