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sinto-te em mim

Tentei, sério que tentei... Tentei de todas as formas apagar-te de mim, passar uma borracha, um corrector, riscar, destruir tudo o que vivemos. O sofrimento era tal que tentei por todas as formas preencher com ruído aquele buraco enorme, aquele vazio aparentemente interminável que ficou depois de partires.

De olhos vidrados, vou-te observando, foto atrás de foto, memória atrás de memória. Se me perguntassem, juraria que é uma irritação o que tenho nos olhos, mas na realidade, é a tua falta, é a dor que sinto de não te ter aqui. Não deves saber, mas as imagens que ainda não consegui limpar de ti, cortam-me os pensamentos como relâmpagos, sem ordem ou direcção própria ou sequer destino, apenas milhares e milhares de imagens e momentos numa enxurrada destruidora de qualquer racionalidade ou sanidade mental.

Será que tens a mínima noção... será que te apercebes de como me fazes feliz quando simplesmente me sorris nas poucas vezes que nos vemos hoje em dia... e como me torturas quando me dizes olá na face?

Será que sentes... que me levas ao infinito quando me olhas daquela maneira de sempre, daquela, que só tu sabes como, ou quando me tocas "acidentalmente", ou ainda quando temos aqueles momentos de riso parvo e sem sentido tão nossos? E logo a seguir destruído quando me ignoras.

Será que já te apercebeste que és na realidade a minha vida e que não consigo, por muito que tente, viver longe de ti.

Espero que sintas que hoje...
...hoje sinto-te novamente em mim.

Comentários

little_star disse…
de blog em blog, saltando entre palavras, imagens, sons e sobretudo sentimentos e vivência, cheguei ao teu mundo na blogosfera... vou saboreando cada texto devagar... escreves muito bem, já devem ter-te dito. gosto sobretudo da forma como escreves, simples e ao mesmo tempo tão complexa, cheia de tudo e parece que fica suspenso para o leitor complementar, sentir, viver... gostei imenso deste encontro ao acaso...estou a adorar ler-te. Parabéns!
um beijo
Anónimo disse…
Nem tudo o que fica tem de ser mau sabes?

...
Paula disse…
Excelente texto Paulo! Sobretudo muito tocante... É uma boa descoberta este teu blog, parabéns!
bjs
Xana
JA disse…
apenas ... UAU !
Dark angel disse…
LOL, small world, indeed... Encontro-te aqui, com um blogue muito teu,com muito daquilo que já conheço de ti, bom escritor, bom a fotografia, e o "armanço" ( :) ) a que já habituaste quem te conhece... Bom cantinho tens aqui, parabéns... :)

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Quando saí de tua casa após teres falecido senti...  Nao quero trocar uma vida nova pela tua...  Nao ter equilibrio na minha vida...  Não quero coisas más...  Nao quero ter que te perder para poder ter uma filha... Queria ser egoista e ter-vos aos dois na minha vida até eu ter 90... É injusto pensar isso, é injusto que, para sentir a alegria que sinto cada vez que a minha filha me sorri, tenha que sentir a dor de saber que nao viste nenhum dos seus sorrisos...

Let's smile some more...

Durante toda a minha vida, sempre reparei no sorriso das pessoas (ou na falta dele em muitos casos) e a soturnidade das pessoas sempre me custou, sempre me custou sentir que as pessoas não tinham razões ou vontade de sorrir. Não fosse pela minha timidez, interpelaria todo um mundo que não sorri e diria algo parvo só para lhes provocar um sorriso por muito momentâneo que fosse. Com todo o sentimento e honestidade digo a todos que me sinto um total felizardo e por muito que agradeça pela vida que tenho nunca será suficiente, até porque, na minha vida, as razões ou situações que me custaram o sorriso foram muito menores do que as que me fizeram sorrir. E sim, custa-me imenso quando não tenho um sorriso para dar, custa-me não andar com um sorriso rápido, disponível...  no entanto custa-me infinitamente mais não sentir o sorriso das pessoas que me são queridas... ás vezes, até de algumas que não me são queridas 🤦.  Isto também explica a razão pela qual eu digo tantas parvoíces da boca para